Testemunhos Peregrinos JMJ no Lava-pés
Artigo da Servita Rita Rêgo
Testemunhos JMJ no Lava-pés 29 e 30 Julho 2023
"Rezem por mim, quero ser médica", pede Angel, filipina residente nos EUA, quando estávamos a acabar de lhe tratar os joelhos, já nos tinha contado alguma coisa sobre a sua vida, sobre a sua fé e sobre a ligação com a Paróquia que organizou o grupo em que veio a Portugal para a Jornada Mundial da Juventude. Sentia-se feliz por ter vindo a Fátima e nunca pensara em fazer aquele caminho [a passadeira] de joelhos. "Vimos as pessoas e quisemos fazer", conta a amiga Rebecca, formada em Ciências Farmacêuticas. Comentavam entre si o amor que sentiam no serviço do lava-pés e de como tinham ficado revigoradas com o tratamento aos joelhos magoados. Despediram-se com um grande abraço de gratidão, pediram mais orações e prometeram que rezariam por nós.
Charlotte e o marido estão casados há quatro anos e também quiseram descer aquele caminho de joelhos. Perguntaram como havia começado "este gesto que se faz em Fátima". Contámos que a primeira pessoa que desceu aquela colina de joelhos foi a irmã Lúcia, no tempo das Aparições. Um dia, ao verem a sua Mãe muito doente, as suas irmãs – que, como quase toda a família, estavam zangadas por pensarem que a pequena mentia ao dizer que tinha visto a Virgem Maria — lhe disseram que, se aquilo era verdade, então ela que fosse pedir à Senhora para curar a Mãe. E lá foi a Lúcia, sozinha, à Cova da Iria. Quase a chegar, ajoelhou-se e assim foi até à Azinheira onde a virgem lhes falava nos dias 13, oferecendo o sacrifício pela conversão dos pecadores e pela cura de sua Mãe. Ao chegar a casa, a Mãe estava curada. Ficaram comovidos. "Fizemos para pedir um bebé", revela Charlotte, já fizemos tudo, temos de contar com Nossa Senhora. Talvez nunca venhamos a saber se tiveram ou não os filhos que tanto desejam, mas estarão nas nossas orações.
Matheus tem 23 anos, vive em Nova Iorque e também não pensava em fazer o caminho de joelhos, mas lembrou-se da sua avó que, no tempo da II Guerra, percorria uma distância de 1 km a rezar de joelhos. "Acho que ela ia andando, ajoelhando, rezando... Pensei que, se ela fazia aquilo, eu podia fazer este caminho aqui em Fátima".
Alex é um pouco mais velho do que a média dos jovens que tivemos em Fátima este fim de semana, mas também veio para a JMJ. Quando Mateus se apresenta, a ligação é imediata: "é o nome do meu filho, vais ficar nas minhas orações." Mostrava-se muito agradecido pelo tratamento no lava-pés. Os seus joelhos estavam em ferida, havia feito o caminho de calções. "Acho que fui rápido demais", dizia, a sorrir. Quando quisemos saber o que o levou a fazer aquele gesto, contou que vira duas raparigas muito jovens — uma delas devia estar doente —, ambas de joelhos a rezar e a chorar. E pensou "eu também tenho de fazer isto por elas".
Uns chegam calados, outros com muita vontade de falar, desabafar, contar o que os trouxe a Fátima e àquele gesto. Saem do lava-pés muito alegres, aliviados, mimados. Certos de que o sacrifício que ofereceram tem um valor maior que só a Senhora pode avaliar. Amanhã ou depois partem para a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa e Fátima ficou a ganhar mais orações, sacrifícios e boas memórias. "Nunca pensei que este serviço existisse, parece que é a própria Nossa Senhora que está a cuidar de nós". E é. Com certeza que é.
(Publicado no Relatório de Atividades de 2023)
