2ª Aparição do Anjo de Portugal

A segunda deve ter sido no pino do Verão, nesses dias de maior calor, em que íamos com (os) rebanhos para casa, no meio da manhã, para os tornar a abrir só à tardinha.

Fomos, pois passar as horas da sesta à sombra das árvores que cercavam o poço já várias vezes mencionado. De repente, vimos o mesmo Anjo junto de nós.
- Que fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.
- Como nos havemos de sacrificar? - perguntei:
- De tudo que puderdes, oferecei um sacrifício em acto de reparação pêlos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atrai, assim, sobre a vossa Pá­tria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar.

Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz que nos fazia compreender quem era Deus, como nos amava e queria ser amado, o valor do sacrifício e como ele Lhe era agradável, como, por atenção a ele, convertia os pecadores. Por isso, desde esse momento, começamos a oferecer ao Se­nhor tudo que nos mortificava, mas sem discorrermos a procurar outras mortificações ou penitências, excepto a de passarmos ho­ras seguidas prostrados por terra, repetindo a oração que o Anjo nos tinha ensinado.

In, Memórias da Irmã Lúcia